sexta-feira, julho 15, 2005

Seguro contra todos

" Não vivemos numa sociedade, vivemos numa selva ", dizia ontem um senhor muito revoltado, isto porque há indivíduos que circulam nas auto-estradas a velocidades da ordem dos 200Km/h e não apresentam qualquer sinal de serem seres humanos evoluídos ou com um mínimo de sentido de ética, são uns selvagens, não vivemos numa sociedade mas sim numa selva.
Realmente existem os seguros, de todos os tipos, garantem a isenção de culpa em muitos casos em que os culpados o são. Se matar alguém fora de uma passadeira só porque vou depressa demais, senão houver testemhunhas e tiver um bom seguro contra todos, estou safo e não fiz nada de mal, posso dormir descansado. Parti o carro do outro e matei o seu único filho, mas não serei condenado nem terei que pagar nada porque ele estava parado no sinal verde acabado de abrir e eu tenho o meu seguro contra todos...
Enfim a falta de educação a todos os níveis, a falta de ética e a ignorância que nos acompanham não nos permitem dizer que vivemos em sociedade, vivemos perante a lei do mais forte, aquele que tem mais meios para se defender é o que tem a razão do seu lado, é aquele que vence, é como na selva!
O sistema tem que formar e informar melhor os cidadãos selvagens deste país, não digo que tenha de informar mais porque a informação já é demais, o problema é a falta de qualidade da informação disponível. Quase não vejo televisão, mas sei que 90% da informação transmitida não tem qualquer utilidade no progresso e boa conduta dos cidadãos. Se tivessemos governantes bem formados, os meios de comunicação do estado poderiam ter um papel activo no bom funcionamento da sociedade a nível ético e educativo. Em vez disso vemos os patetas ignorantes cegos de visão lateral a promover o consumismo e a ignorância dos demais de modo a tornarem as nossas mentes em depósitos de pensamentos fúteis, garantindo assim o entretenimento das massas e desviando as atenções da trágica realidade em que vivemos.
Existe uma rede de gente assim que nos governa, e enquanto não for rompida essa rede, ignorantes sucederão a ignorantes e cada vez haverá mais ignorantes.
Apelo a todos que tenham bem presentes estes factos e que os transmitam de forma séria a todos, principalmente às gerações mais novas porque eles são o futuro da presente selva.

Talvez um dia consigamos experienciar a vivência em sociedade!

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Um (importante) reparo: não é o facto de se atravessar fora da passadeira que faz com que o condutor não seja punido. O que o tribunal vai analisar para saber se o condutor cometeu um homicídio negligente é a responsabilidade de ambos para a ocorrência do acidente.

Assim, no caso que referes, muito provavelmente haveria culpa de ambos na ocorrência do acidente. Isto porque:
- o condutor ía em excesso de velocidade, o que, apesar de não haver testemunhas, provar-se-ía através do relatório policial que indica o local de embate com o peão e o local de paralisação do veículo, através do que se pode concluir pela velocidade de circulação do veículo;
- e o peão atravessou fora da passadeira (o que só é ilícito se houver uma passadeira a uma distância inferior a 50 metros).

Sem dúvida que os danos íam ser pagos pela companhia de seguros, mas o condutor, no caso de pena pecuniária (que é alternativa à pena de prisão até três anos), pagaria a multa do seu bolso!! E também as custas judiciais e honorários do advogado!

Apesar de tão criticada, a lei tenta (atenção não disse consegue) tornar "esta selva" o menos selvagem possível.

11:15 da manhã  
Blogger xipsocial said...

Obrigado pelo reparo...mas o objectivo da posta não é a correcta avaliação penal dos casos mencionados mas sim o despertar para os abusos ocorridos em certas situações ao abrigo das companhias de seguros...é que a lei a mim nem me inspira grande interesse, como poderei ter interesse numa coisa suja e feia em que não acredito?
Já agora convido-o(a) para avaliar e comentar esta posta que certamente estará no âmbito das suas competências profissionais.

12:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O caso que me pede para analisar e comentar é de facto vergonhoso. Já tinha tido conhecimento do mesmo.

Aqui não se trata de uma injustiça legal ou de um abuso das companhias de seguro. Trata-se apenas de COBARDIA INDIVIDUAL.

Fugir é pura cobardia, é não assumir as responsabilidades dos seus actos.

Não me parece que seja um caso passível de análise jurídica. Da minha parte reenviei o e-mail como foi pedido pelos familiares. Espero que desta forma se encontre o responsável pelo acidente.

1:04 da tarde  

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